PSICANÁLISE E HOSPITAL

PSICANÁLISE E HOSPITAL

Código: 9788573093780

Marca: Revinter


Livro com algumas manchas nas leterais, devido ao ano de edição.

Organizador: Marisa Decat de Moura

Editora: Revinter

Ano: 2000 - 2ª Edição

Número de páginas: 98

Categoria Principal: Psicologia da Saúde



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Houve um tempo em que ser psicanalista confundia-se com a imagem silenciosa, impessoal, formal e estereotipada de alguém que se colocava num mais além dos pobres-mortais que o rodeavam. Postura e impostura marcavam os efeitos das análises que terminavam na identificação com os analistas didatas que ditavam a forma do ser psicanalista.

Por não se saber exatamente o que era ser um psicanalista, na verdade algo difícil de se definir - de que lugar ele opera, que natureza de desejo o mobiliza em seus atos -, os psicanalistas sustentavam-se na imagem que incluía o próprio setting com seus divãs, poltrona, retrato de Freud na parede, gestos estereotipados.

Mas, nem tudo era imagem no trabalho daqueles pioneiros. A transmissão da psicanálise como lhe é própria se revela num só depois. Um dos efeitos dessa transmissão foi a derrisão da própria imagem do psicanalista cedendo lugar à falta, que se insinua através da busca permanente de formalização à questão sempre aberta: O que é ser psicanalista?

A exigência de formalização teórica da prática psicanalítica e de compartilhá-la com seus pares, instituiu-se como imperativo ético.

Ser psicanalista tornou-se um desejo, uma função, uma posição, um discurso.

A pessoa do analista aqui se dicotomiza e torna possível a relação dialética entre dois campos que constituem a estrutura de um sujeito que se revela agora faltoso: o $.

A pessoa do analista liberta-se dos efeitos estereotipados decorrentes da confusão outrora reinante entre o ser do analista e a imagem de analista.

Não dependendo mais do setting original, consultório, divã etc. para se autorizar analista, liberta-se também das formas que restringiam os efeitos da psicanálise a um campo limitado da clínica particular.

Freud já prenunciava que a psicanálise seria um instrumento muito rico e sofisticado para se restringir apenas ao tratamento de neuróticos; que ela deveria se estender aos governantes, educadores ou a todos aqueles que lidam diretamente com as pessoas.

Não quero dizer aqui que a psicanálise promova efeitos de massa. Absolutamente. Os efeitos da psicanálise são sempre um a um.

Este livro que tenho a honra de prefaciar, nos dá esse testemunho. Testemunho da determinação de psicanalistas que sustentam este lugar como uma posição no discurso.

Testemunho de que a psicanálise é antes de tudo um discurso e como tal, indispensável sua inserção nos demais discursos que compõem a cultura.

Aqui, o discurso psicanalítico inserido no hospital geral mostra seus efeitos, que são especialmente funcionais. Colocar para funcionar aquilo que se torna fixado, paralisado, tensionado pela predominância ou monopólio de outros discursos, desta forma, aumentando ainda mais o sofrimento que a própria vida já porta. Esse discurso se insere em sua forma discreta, evanescente, quase imperceptível, pois o discurso da falta não ocupa espaço, ele abre o espaço para a circulação dos demais discursos. Ele não disputa lugar, porque sua espacialidade é de outra ordem, ela é vazia, e isso ninguém quer.O mundo humano se rege pela tirania do falo, e a psicanálise vai na contramão do falo, sem entretanto deixar de incluí-lo, pois a instância do falo constitui o lado consciente da estrutura do psiquismo humano. A psicanálise dialetiza o falo.

Deparamo-nos neste livro com uma série de relatos sobre o trabalho desses psicanalistas em um hospital geral. Nada de grandes interpretações, nada de grandes atos. Aqui, mais do que em qualquer lugar, o narcisismo.do analista é colocado a prova. Abrir mão do seu narcisismo se torna mais do que nunca uma posição ética.

Enquanto no processo analítico a verdade se apresenta com o rosto tampado e vai se desvelando aos poucos, aqui ela aparece escancarada.

Ao analista, não cabe tamponá-la. A verdade é um mal incurável. O que vemos no trabalho desses analistas é uma tentativa bem-sucedida de fazer uma borda no real. Primeiro com sua própria presença e aos poucos com a inserção da palavra, propiciando um deslocamento do corpo para a cadeia significante, aliviando esse corpo da carga extra de tensão que ele dispende para dar conta do mal que o invade.

A transferência aqui se revela em sua vertente real.

Desvestidosiados de sua roupagem imaginária, do setting analítico, seus consultórios, da própria cadeia significante da associação livre do analisante, constituinte do material consistente que o analista maneja, os psicanalistas aqui, no hospital geral, se oferecem como pura presença. Diria: como pura presença real. Ponto em que, em sua estrutura, o sujeito se desvanece abrindo espaço para o objeto a, faltoso, evanescente, despido de suas formas.

É por essa razão que o psicanalista aí pode ocupar o mesmo lugar onde o paciente, como sujeito, se apaga, e tocá-lo nesse ponto do ser onde nenhum recurso médico alcança.

Introdução .............................1


Psicanálise e Urgência Subjetiva ..................3
Marisa Decat de Moura


Nas Vias do Desejo... ........................ 17
Léa Neves Mohallem
Elaine Maria do Carmo Dias de Souza


O Dinheiro e a Psicanálise ..................... 31
Elaine Maria do Carmo Dias de Souza


Uma Tentativa Malograda de Atendimento em um Centro de Tratamento Intensivo........................41
Claudia Pedrosa Soares


Nem o Sol, nem a Morte Podem Ser Olhados de Frente ...... 49
Gilda Vaz Rodrigues


Um Ato Desconcertante ...................... 57
Maria Luisa Duarte Vilela


Uma Outra Morte no CTI ..................... 67
Maria Nísia Araújo


Na Angústia do Desmame - o Surgimento do Sujeito ...... 73
Stela Cardoso de Carvalho


Reflexões sobre a Prática do Psicanalista no Hospital Geral.... 83
Maria Tereza Granha


Considerações sobre um Caso Clínico ............... 91
Mário de Lourdes Guimarães de Almeida Sarros


Índice Remissivo .......................... 97



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