Por que uma pessoa pode ter sua fala afetada por repetições e bloqueios intermitentes e relativamente imprevisíveis? Distúrbio de fala que a todos intriga pelo conjunto de manifestações que desviam a atenção do ouvinte para a forma e não para o conteúdo da comunicação, a gagueira é o tema central desta obra. Graças ao filme O discurso do rei, o sofrimento das pessoas gagas com o ato da fala foi magistralmente revelado, assim como também o foi, a agonia de quem as ouve.
Terapeuta e pesquisadora, Ivone Dias Gomes desde seu primeiro ano de formada em Fonoaudiologia, em 1975, dedicou-se a atender pacientes com queixa de gagueira. Assim, teve a possibilidade de atender direta ou indiretamente em supervisões, primeiro como fonoaudióloga, depois como psicanalista, cerca de duzentos casos de gagueira e dentre estes, pelo menos a metade eram crianças. Esta experiência teorizada, que resultou em sua tese de doutorado em Psicanálise, é que está sendo apresentada neste livro. Trata-se da sistematização sustentada pela teoria psicanalítica sobre uma possível origem psíquica da gagueira infantil, seja ela um fenômeno transitório ou uma patologia em processo de cronificação. O livro é composto de um capítulo introdutório, dois capítulos teóricos e traz três ficções clínicas que visam contribuir para a compreensão dos aportes teóricos. A trajetória da autora da Fonoaudiologia para a Psicanálise está presente neste livro que para além do enfoque da gagueira, aborda com profundidade a relação entre psiquismo e linguagem infantil, trazendo inestimável contribuição, tanto à clínica fonoaudiológica dos distúrbios da linguagem, quanto à clínica psicanalítica com crianças.
SUMÁRIO
PREFÁCIO 7
CAPÍTULO 1
Uma estória e uma história de gagos 11
CAPÍTULO 2
A gagueira na literatura psicanalítica 25
CAPÍTULO 3
A palavra proibida .47
CAPÍTULO 4
Histórias de meninos que gaguejavam para falar 83
CAPÍTULO 5
Tiago, o eterno bebê 89
CAPÍTULO 6
Silvio e aquele outro papai 101
CAPÍTULO 7
Gustavo, o pararraios 113
CAPÍTULO 8
Da palavra-tabu à gagueira infantil: uma concepção para a inibição do ato da fala 131
REFERÊNCIAS 135