A AUTOCONSERVAÇÃO E A PULSÃO DE MORTE

A AUTOCONSERVAÇÃO E A PULSÃO DE MORTE

Código: 9786587457154

Marca: Artes & Ecos


Autor: Ernst Simmel
Tradução e nota introdutória: Gabriel K. Saito
Editora: Artes & Ecos
Série Escrita Psicanalítica - Dirigida por Lucas Krüger
Ano: 2022
Número de páginas:
58
Categoria Principal: Teoria Psicanalítica


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A autoconservação e a pulsão de morte (1943) -- S. Escrita P. -- Ernst Simmel. Livro pertencente a Série Escrita Psicanalítica (dirigida por Lucas Krüger), que contém ensaios contemporâneos e traduções do alemão de Sándor Ferenczi, Sabina Spielrein, Otto Gross, Karl Abraham e Lou-Andreas Salomé. 

 

"Para além de promover uma discussão acerca da "primeira teoria das pulsões" em contraponto com a realocação que esta sofreria a partir do conceito de pulsão de morte, Simmel defende um modelo psíquico baseado no modelo digestivo, onde a pulsão gastrointestinal (conceito do autor) é anterior a pulsão oral. Pensamento que se traduz em importantes reflexões teórico-clínicas, inclusive para a clínica atual."

Lucas Krüger

 

Abaixo, alguns trechos selecionados da Introdução realizada pelo tradutor Gabriel K. Saito:

 

"Este é o primeiro livro com uma produção de Ernst Simmel (1882-1947)

publicado no Brasil e em português. Tanto no Brasil quanto no resto do mundo, trata-se de um autor pouco lembrado, mas que possui pensamentos originais que merecem a devida atenção.

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Para Staar (2014), o ensaio Autoconservação e pulsão de morte não deixa dúvidas sobre a importância do autor para a psicossomática. Ela entende que Simmel retoma sua concepção anterior , de que o elo do arco-reflexo psicofísico se dá no intestino (Staar, 2014 apud Simmel, 1924; 1933). O surgimento de sintomas psicossomáticos estaria neste elo.

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Porém, ao lermos o ensaio de Simmel não encontramos uma crítica detalhada à Além do princípio de prazer. Nosso autor não discute passo a passo os argumentos de Freud para a pulsão de morte, não segue a mesma trilha dele. Ele busca uma alternativa, para onde considera haver lacunas, portas deixadas abertas por Freud, na qual ninguém entrou. E seu ensaio chega a atualizar grande parte da teoria freudiana, a partir de sua descoberta. O que nos faz pensar se realmente Simmel substituiu a teoria da pulsão de morte ou se complementou a teoria do desenvolvimento sexual.

Segundo o autor, ele não se preocupou intencionalmente com considerações biológicas. Se pesquisarmos as atuais hipóteses de origem da vida, o texto de Freud ainda não encontrou algo que desbancasse a sua tese, do primeiro ser vivo inclinar-se à morte. No entanto, é possível que justamente neste ponto a polêmica surja entre Freud e Simmel: o que foi a pulsão primordial do primeiro ser vivo, metabolizar ou morrer?

Para Simmel, é pela destrutividade digestiva que se regride ao estado primordial inanimado. Talvez para Simmel, o primeiro ser vivo seria como o feto, que tem suas pulsões neutralizadas pela gestação. Nas hipóteses de origem da vida (Cf Zaia & Zaia, 2008), seja na sopa primordial ou nas fumarolas abissais, o meio inorgânico é quase uma mãe que direciona a célula à vida e a metabolizar, que corroboraria com a visão de Simmel. Mas ele mesmo não quis adentrar nestas questões, que não sabemos onde irão, como no belo ensaio de Freud.

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Ainda é possível ajudar Simmel em sua jornada de ultrapassar o seu mestre, com o argumento de que a teoria sobre a autoconservação e a zona gastrointestinal se encaixaria muito bem na tradição das sucessivas edições de Freud em seus Três ensaios sobre a sexualidade. Poderia Autoconservação e pulsão de morte ser um quarto ensaio? Simmel busca na teoria do desenvolvimento sexual, uma zona profunda inexplorada deste período pré-genital, anterior e mais primordial que as zonas anal e oral, a zona gastrointestinal. O argumento de Simmel assume uma nova centralidade e primazia para esta zona gastrointestinal, em que a regressão às zonas oral e anal estariam interligadas por esta zona anterior em comum.

A grande disputa talvez esteja entre a pulsão de morte e pulsão de devorar, a qual Simmel busca entender a origem da agressividade visceral. A comunicação desse texto foi proferida em uma conferência de 1943, em plena Segunda Guerra Mundial. Simmel também lutava "por uma compreensão do cataclismo mundial de ódio, que ameaçava engolir nossa civilização" - como indicou ser o intuito dos escritos tardios de Freud.

Apresentação da série; 7

Nota introdutória; 9

A autoconservação e a pulsão de morte; 23



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