Revista Brasileira de Psicanálise
Órgão oficial da Federação Brasileira de Psicanálise
Volume 56, n. 4 - 2022
Número de páginas: 198
até 2x de R$22,75 sem juros
Na época atual, em que boa parte da vida das pessoas se tornou pública pelas redes sociais e por outros meios de comunicação, consideramos que um número sobre a privacidade seria de grande relevância.
Personalidades tornam-se famosas não por aquilo que produzem ou pensam, mas simplesmente pela exposição de sua vida e seus dramas familiares (reais ou fabricados) em reality shows como Keeping Up With the Kardashians. Nesse programa, o cotidiano filmado de pessoas totalmente comuns, ocupadas com futricas e futilidades, fez com que virassem celebridades internacionais e multimilionárias apenas por se mostrarem à mídia. O drama do pai da família – um notório atleta olímpico, Bruce Jenner, que se tornou um transgênero operado, Caitlyn Jenner – foi igualmente escancarado e explorado em detalhes. Fatos similares ocorrem em programas como Big Brother, que se reproduzem mundo afora.
Andy Warhol dizia que no futuro todos seriam famosos por 15 minutos. Não contava, porém, com o fato de que haveria pessoas que se tornariam mundialmente célebres e por anos a fio só por exporem sua intimidade para o voyeurismo de milhões de espectadores.
Outra situação ambivalente é o de figuras públicas como a princesa Diana, que transformou a maior parte de sua atividade profissional, enquanto alteza real, em um grande show público, ao mesmo tempo que lutava desesperada para manter sua vida íntima e a de seus filhos longe dos holofotes. Paradoxalmente, disputava as atenções com o então marido, o atual rei Charles 3º, quando ele tentava desviá-las dela. Hoje os dramas existenciais e pessoais de seus filhos são foco da mídia e da bisbilhotice de boa parte da população mundial. A lavação de roupa suja da família também se tornou série da Netflix, com o príncipe Harry e sua esposa.
E a psicanálise com isso?
Desde o início houve preocupação com o problema da confidencialidade e da preservação da intimidade do que ocorre em sala de análise. A não discriminação entre público e privado, interno e externo, é uma característica das psicoses. Além disso, Freud considerava a questão de como desenvolver sua ciência sem a publicação de situações clínicas que pudessem ser cotejadas por seus colegas, permitindo que suas ideias recebessem a sustentação da experiência vivida para adquirir consistência científica. Esse drama tornou-se mais agudo com seu dilema entre publicar ou não o caso Dora, até que após cinco anos ele decidiu que a necessidade científica prevalecia sobre a questão individual da paciente, mesmo com as deformações produzidas na escrita do caso.
Essa encruzilhada também se mostra atualmente na publicação de trabalhos psicanalíticos.
Claudia Frank apresenta um episódio emblemático relacionado a essa situação. A despeito de seu cuidado em cifrar todas as informações possíveis sobre o caso de uma paciente (será que era mesmo uma mulher?) em um texto que escreveu, logo depois de sua publicação, a paciente o leu e reconheceu-se nele. Como menciona Frank, quase sempre é o paciente que se revela ao público sobre seu caso clínico, visto que os demais leitores não teriam sido capazes de saber de quem se trata. Sua preocupação quanto a um eventual reconhecimento do caso pela própria analisanda, algo que receava antes da publicação, por mais precauções que pudesse tomar, levou-a a cuidar para que tudo o que estivesse escrito fosse algo que a paciente já tivesse sido informada na análise. No artigo publicado neste número, a autora descreve as consequências dessa descoberta ao longo do atendimento da cliente, que prosseguiu, a despeito desse fato, por um longo período.
Além do trabalho temático de Frank, temos um artigo muito interessante sobre a artista austríaca Maria Lassnig, escrito por Rotraut De Clerck, que traça um diálogo entre as obras de Lassnig e a abordagem psicanalítica.
Na seção “Intercâmbio”, o trabalho de Analía Wald mostra um olhar aguçado sobre a vulnerabilidade e o desamparo na infância, em que situações de atendimento institucional são abordadas.
Passamos a contar com uma seção “Memória” da Revista Brasileira de Psicanálise, em que artigos relevantes publicados há muitos anos são resgatados para que as gerações contemporâneas se enriqueçam com importantes contribuições feitas por colegas notórios, porém passíveis de ser esquecidas com o tempo. Pensamos em situações relacionadas a grandes nomes da psicanálise que não são os grandes paradigmas, como Freud, Klein, Bion, Lacan e Winnicott. Também nas artes cinematográficas deparamo-nos com um hiato cultural e geracional quando mencionamos celebridades de outros tempos para analisandos e conhecidos mais jovens, que não têm registro de Federico Fellini, Luchino Visconti, Ingmar Bergman, Joseph Losey, D. W. Griffith, Orson Welles, John Ford, Robert Altman, Douglas Sirk, entre outros grandes nomes dessa arte. Tampouco reconhecem astros como James Dean, Marlon Brando, Rita Hayworth, Marcello Mastroianni e Anna Magnani. Até estrelas ainda atuantes, como Catherine Deneuve, não são reconhecidas (ou mesmo conhecidas). Iniciamos nossa seção com um marcante trabalho de José Longman, “Além da agressividade na teoria das neuroses”, publicado pela RBP em 1989. As normas de publicação da época não eram como as atuais. Portanto, será notada alguma diferença na apresentação dos demais artigos.
Seguem-se os ricos trabalhos não temáticos de Maria Thereza de Barros França, Avelino Ferreira Machado Neto, Cleuza Mara Lourenço Perrini, Maria Cecília Pereira da Silva, e Edival Antonio Lessnau Perrini.
Boa leitura a todos!
Editorial
Privacidade; 17
Claudio Castelo Filho
Carta-convite
Privacidade; 21
Claudio Castelo Filho
Temáticos
Confidencialidade e publicação; 27
Claudia Frank
Intercâmbio
Notas sobre vulnerabilidade e desamparo na infância; 47
Analía Wald
Psicanálise e cultura
Pintando a realidade interna e externa e a sensação do corpo; 59
Rotraut De Clerck
Temas livres
52 gêneros; 75
Maria Thereza de Barros França
Rabos de lagartixas; 93
Avelino Ferreira Machado Neto
O masculino em nós, uma almejada e ameaçadora experiência; 105
Cleuza Mara Lourenço Perrini
O funcionamento sadomasoquista como defesa à dependência emocional primordial; 117
Maria Cecília Pereira da Silca
Transitar pela censura entre a mente primordial e a mente primitiva; 133
Edival Antonio Lessnau Perrini
Memória
Além da agressividade na teoria das neuroses; 151
José Longman
Resenhas; 163
Programa editorial 2023; 187
Orientação aos colaboradores; 189
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