Autor: Nazir Hamad
Editora: Companhia de Freud
Ano: 2004
Nº págs.: 224
Categoria Principal: Demais Categorias - História
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A infidelidade conjugal é um assunto mais de coração que de sexo. Quando, dia após dia, os parceiros se esvaziam de sua paixão um pelo outro, quando fazem amor exatamente como abrem qualquer comporta para evitar a tensão ou o calor extremos, está claro que a relação com o corpo pesado demais impede o vôo do coração.
Hassan não conseguia entender isso. Alias como poderia entender? Djamila não tinha arriscado a infâmia, a desonra, até mesmo a vida para com ele? Não tinha abandonado tudo para viver com ele? De fato, ele tinha todas as razões para crer que continuava sendo o único, o único entre todos os homens a ocupar um lugar inteiro junto a ela. Seguro de ter a sua estima, seguro de atraí-la fisicamente, ele tinha tendência a traduzir a frieza se sua mulher como um estado de espírito passageiro. Assim, fora preciso o tempo e o sentimento de ternura que Djamila demonstrava de modo cada vez mais aberto por Salem para que ele entendesse que nada era mais problemático que a constância do amor.
Um mau jogador é um mau perdedor, é bem conhecido. Hassan considerava sua mulher o que ele tinha de mais caro no mundo, embora nunca lhe dissesse isso ou talvez não o bastante. Ele estava disposto a tudo, repetira várias vezes, para conservá-la. Disposto a tudo! Djamila não se alarmara e, de qualquer modo, não podia mais aceitar as regras do jogo. Hassan a enojava a tal ponto que ela endurecia feito um cadáver toda vez que ele vinha para junto dela, movido pelo desejo de seu corpo. Ela mesma se espantava com a reação inexplicável de seu corpo, que parecia funcionar independentemente de sua vontade, e com a atitude do marido, que reagia de modo cada vez mais hostil. Vá explicar a alguém que ele não é mais amado sem decepcioná-lo! Vá lhe dizer que, uma vez apagado o fogo, as cinzas não queimam mais, pouco importa o esforço que se faça! Vá lhe dizer ainda que, em respeito ao amor que tinham um pelo outro, aos momentos maravilhosos que haviam partilhado, é dever de cada um respeitar os sentimentos do outro. É difícil.