Nos dias imediatamente posteriores à morte de meu pai, eu tinha procurado algumas datas nos cadernos, curioso para ler os comentários sobre a agonia de meu avô materno, o suicídio do meu tio, meu primeiro casamento e o do meu irmão. E, claro, eu queria ler o que ele tinha escrito no dia de meu nascimento. Surpresa: nenhum desses eventos era sequer mencionado nos diários. Eu ficara contemplando a página do dia em que nasci, completamente vazia. Na hora, imaginei que, com a excitação e os afazeres daquele momento, meu pai não tivesse tido tempo para escrever. Mas, nos dias seguintes, também não havia nenhum comentário sobre a minha chegada a este mundo.
Rapidamente, me dei conta de que aqueles não eram, de fato, os diários de meu pai; eram os diários de outra vida, a do ex-ajudante de Sodoma.