Se nem o amor, nem a ambição, nem a grandeza puderam conquistar um coração, aí surge finalmente a vaidade, como sempre invisível, mas acompanhada de um séquito de paixões disfarçadas: desejos, dissimulações, preguiça e a inveja, todas embaladas numa roupagem modesta e trazendo no semblante, um ar humilde; já a vingança, a soberba, a rapina e a altivez vêm cobertas por nuvens de várias cores. É assim que a vaidade se introduz enganosamente, transfigurando os vícios para torná-los apetecíveis, de modo a instalar-se em nós como um inimigo oculto e traidor. Somos sábios para tudo, menos para nós mesmos: é muito difícil aprendermos a arte que nos livre da presunção; até o espelho, só é aceito quando nos exalta, nunca quando revela nossas deformidades.
1. Introdução; 11
2. O Homem e Seu Tempo; 13
3. O Espírito não mente; 19
4. Reverberações das "Reflexões"; 23
5. Carta sobre a Fortuna; 65
6. Os "filósofos" moralistas; 69
7. Vaidade: a sedução pelo desejo mimético; 77
8. Freud e a vaidade: uma inesperada surpresa; 91
9. O Édipo Mimético: um exemplo mítico do mecanismo do "Bode Expiatório" ; 97
10. A ubiquidade contemporânea da imitação; 105
Bibliografia; 113