VICISSITUDES DO OBJETO

VICISSITUDES DO OBJETO

Código: 9788585458256 (CO.)

Categorias: Lacan / Lacan

Marca: Ágalma


PEQUENA MANCHA NA LATERAL - NÃO ATRAPALHA A LEITURA



 



Autor: MARCUS DO RIO TEIXEIRA

Editora: ÁGALMA

Ano: 2005

Coleção: DISCURSO PSICANALÍTICO

Número de páginas: 320

Categoria Principal: Lacan



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Certos textos são necessários. Impõem-se como um ato de responsabilidade do psicanalista. Uma decisão de passar adiante os efeitos do discurso psicanalítico. Neste caso, a herança a ser transmitida filia-se a uma corrente das mais caras a Freud e Lacan: sob o fio da clínica, o debate das idéias, a participação no combate das luzes na atualidade, razão versus barbárie. A utilização deste antagonismo pode causar surpresa, porém, esclareço de entrada que nos textos que compõem o presente volume o rigor conceitual não se confunde com arrogância. Afinal, um psicanalista sabe que a linguagem produz mal-entendidos, tropeços, sonhos e mal-estar, o que não torna menos importante o esforço de clareza. Além disto, a psicanálise - nascida no alvorecer do século XX - é tributária da cultura que a recebeu e reconhece o fato de que as transformações que se seguiram desde então contribuem efetivamente para sua prática. Nas palavras de Marcus do Rio Teixeira, persistir no compromisso ético escrito da contribuição da psicanálise às questões fundamentais da atualidade implica que não sejamos indiferentes aos impasses e sintomas os quais buscamos analisar. Um psicanalista não está na posição de bela alma, tampouco pode pretender psicologizar o mundo, ou mesmo querer que sua prática se transforme numa verdade universal (ou Weltanschauung) como tantas vezes nos advertiu Freud. Neste livro, as vicissitudes do objeto são abordadas em três grandes vetores, nos quais o autor mostra suas armas, apresenta suas razões: O objeto sexual, os Objetos literários e Sujeito e objeto no Discurso do Capitalista. Para não tirar o prazer do leitor em explorar as minúcias de cada capítulo, pretendo apenas relacionar algumas impressões de leitura, marcas na trajetória. Vicissitudes do objeto, trabalho que dá título ao livro, tem achados e interpretações esclarecedoras para as questões relativas à histeria, ao feminino e aos desencontros entre homem e mulher. Aqui a clínica comparece sem precisar fazer descrições ou caricaturas da patologia. Ajuda o leitor a pensar a própria prática ao enunciar questões sobre a histeria e o falo, a diferença vivida como desvantagem e quanto o desejar depende tanto da referência fálica - que lhe confere um sentido sexual - quanto da circulação do objeto. Mulheres no surrealismo e Joyce e A mulher dão mostras da erudição e das paixões do autor. Temos informação histórica e estética, acompanhadas de algumas teses originais, mesmo em um tema tão árido e intensamente debatido como a obra joyceana. Poucos autores interpretaram com clareza a função subversiva do discurso feminino em Ulisses, por exemplo, onde a linguagem é liberada das amarras e balizas da pontuação para dar espaço ao monólogo de Molly Bloom. Esse tema literário faz o encadeamento com o capítulo que se inicia abordando O objeto da paixão em Nabokov. Refratário a psicanálise e à crítica literária, pois considerava uma infantilidade querer reduzir um texto a chaves de leitura, o grande autor russo/americano intimidou os psicanalistas durante muito tempo. Suas obras, principalmente Lolita (1955), sempre foram lidas com admiração e respeito, mas somente alguns aceitavam o desafio proposto por Lacan (vide Lituraterre) de tentar uma contribuição que não fosse psicanálise aplicada ou mais uma formulação acadêmica. Aqui a transferência amorosa com os textos de Nabokov e Joyce, que são duas referências/preferências do autor, possibilita a ele este trabalho de crítica e contribuição recíproca entre literatura e psicanálise. Basta ver como um capítulo de Ulisses permite-lhe uma abordagem do sujeito eclipsado, revelando o quanto este mesmo sujeito é uma falha na objetividade científica. A busca da objetividade máxima conduz ao máximo da digressão; por isto a literatura não se contenta com explicações definitivas, estas que a obssessão persegue e não consegue alcançar. Monstros & Cia - A gênese do medo na literatura de horror e nos contos de fadas possibilita que sejamos re-apresentados a um autor como H. P. Lovecraft, mestre dos contos de horror e do medo (este último considerado por ele a emoção mais forte e antiga do homem). Freud esteve próximo disto quando explorou as diferenças entre medo e angústia e, para falar do estranho familiar, esta extimidade que nos habita, retomou os contos de Hoffmann (no caso, O homem da areia). A ficção científica começa a ter, neste ponto, um lugar de destaque, que, em função do texto entusiasmado, poderíamos dizer: merecido. Existiu algum dia um escritor chamado Philip K. Dick e, caso tenha existido, em qual universo? No universo ficcional responderíamos rapidamente. Este que permite à verdade mostrar sua estrutura de ficção, se soubermos ler. Ler um autor que se utiliza do futuro para analisar o presente e nossa dificuldade em enfrentar o desconhecido de uma alteridade insuportável que toda sociedade produz para si mesma. Ficam questionadas as fronteiras entre cultura de massa versus cultura superior; pois a era da velocidade, das realizações instantâneas, da exigência de gozo imediato não permite saudosismos. Faz-se necessário assumir a complexidade e o sincretismo de uma cultura na qual o sonho secreto da inteligência artificial - a robotização do homem - pode ser subvertido pelo ato cinematográfico. Philip K. Dick teve diversas obras adaptadas para o cinema. A mais notória é Blade Runner (baseada no conto Do androids dream of electric sheep?). Total recall, estrelado pelo terminator Arnold Schwarzenegger, também é bastante conhecida. Lembremo-nos também de Tom Cruise estrelando Minority Report, dirigido por Steven Spielberg, onde as questões sobre memória, morte e relações com a filiação/paternidade se agudizam à medida em que o policial se humaniza. Philip K. Dick não é um caso clínico para a psicanálise. Sua escrita é que possibilita aos psicanalistas remeterem-se à teoria e reafirmarem com o autor deste livro: a noção do que é realidade para um sujeito depende [...] do pressuposto de um Outro. Um diagnóstico não dignifica, nem rebaixa ninguém, é uma tentativa de se inscrever. Assim, um texto de Dick pode muito bem ser uma demonstração de paranóia dirigida - como Lacan chegou a afirmar de uma análise em que o paranóico é menos o autor que o próprio leitor. O capítulo se encerra com um Elogio da tradução apresentando mais esta paixão de Marcus do Rio Teixeira. A especificidade da tradução do texto psicanalítico, que não se enquadra na distinção clássica de teóricos versus literários. O autor levanta muitas questões, discussões conceituais, mas sempre sem prescrever; pois o amor pelo texto nos leva a persistir, em busca de uma tradução tão perfeita quanto impossível. As interrogações sobre a educação das crianças, da prevalência do consumo na atualidade, dos limites e alcance da prática psicanalítica sob a hegemonia do capitalismo permeiam o capítulo Sujeito e objeto no Discurso do Capitalista. Nele, a posição ética do psicanalista é confrontada não somente com tais questões, mas também e, principalmente, com o debate das conseqüências do discurso científico, aliado a esta quinta forma discursiva elaborada por Jacques Lacan. Uma abordagem dos quatro matemas dos discursos (do Mestre, da Histérica, do Universitário e do Analista) que organizam nosso laço social pode ser acompanhada no texto O espectador inocente. Sem falar no mencionado quinto discurso - do Capitalista - cujas conseqüências Marcus procura debater neste livro. Nos dias de hoje, o acesso do sujeito ao objeto mudou radicalmente se comparado a outros tempos históricos. A autonomia do sujeito moderno, curiosamente, produziu um domínio do objeto, uma posição dominante sobre o sujeito. Em outras palavras, nossos gadgets adquiriram estatuto de objetos do desejo, assim como o valor de mercado determina a importância de uma obra. Mais consumo, menos desejo. Não sejamos apocalípticos, porém; a questão não é se posicionar contra o consumismo.

PEQUENA MANCHA NA LATERAL - NÃO ATRAPALHA A LEITURA



Prefácio, 09

Robson de Freitas Pereira


O objeto sexual

Vicissitudes do objeto, 17

As mulheres no surrealismo, 33

Joyce e A Mulher, 41


Objetos literários

O sujeito eclipsado - Sobre um capítulo de Ulisses, de James Joyce, 59

O desejo obsessivo em Conto de fadas, de Vladimir Nabokov, 63

O objeto da paixão em Nabokov, 71

Monstros & Cia - A gênese do medo na literatura de horror e nos

contos de fadas, 87

Existiu algum dia um escritor chamado Philip K. Dick e, caso tenha

existido, em qual universo? , 103

Elogio da tradução, 123


Sujeito e objeto no Discurso do Capitalista

O espectador inocente, 131

Objeto do desejo, objeto do gozo, objeto de consumo, 149

Nem pais, nem mestres, 180

A culpa na modernidade, 189

O objeto roubado, 195

Lei simbólica, lei civil e relativismo pós-modemo, 211

Alcance e limites da psicanálise no início do século, 223

Uma ética do objeto-Algumas consequências do discurso científico, 234



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